Fernando Vidal – Quebrando tudo sem bagunçar a casa! (por Rafael Ferraz)


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O que uns bons anos de estrada não fazem por um músico? Basta ouvir o disco “Shulling” de Fernando Vidal e constatar que a experiência só traz benefícios. Com uma pegada funkeada na dose certa, e a influência das harmonias tupiniquins, o músico carioca soube equilibrar na medida uma guitarra base fora de série, solos “a La Hendrix” com muito felling e pegada, e aquele clima de improvisação presente nos bons trabalhos instrumentais. Com uma banda competentíssima ao seu lado, Vidal só teve o trabalho de plugar e tocar. Ao menos essa é a sensação que a primeira audição do disco nos trás. Confira aqui um bate-papo com o músico sobre as gravações do disco.

Fernando, pra começar, fale um pouco sobre a concepção do disco. Quando você decidiu que era hora de gravar?

Bom, tive a oportunidade de ficar, sempre duas vezes por semana, tocando na casa do Mac Willian(baterista do disco) e ai naturalmente fui compondo as musicas e decidi gravá-las. Hoje em dia faço o mesmo. Ensaio em um estúdio aqui em Ipanema com meu trio, Mac Willian e Dudu de Souza. Resultado: Já tenho 11 musicas novas e já estou começando a maquinar o terceiro disco! (risos).

As ideias rítmicas parecem ter uma atenção especial nas músicas do disco. Inclusive você tem um método sobre guitarra rítmica. Fale da importância desse detalhe que muitos guitarristas acabam deixando de lado.

Aos guitarristas que deixam isso de lado, é bom ficarem avisados que gravarão bem menos do que os feras em guitarra base. Pra mim é algo natural pois tenho como ídolo, na minha opinão o maior guitarrista de base que já existiu, Hendrix. Deveriam ouvir Tower of Power, Bruce Conte, Average White Band, Hiram Bullock, Head Hunters, enfim, alguns feras.fernando_vidal_1

Quais os equipamentos que você usou nas gravações?

Meu Marshall Plexi Super Lead 100W, igual ao do Hendrix, e um Mesa Boogie ligados em stéreo no meu TC Eletronic Chorus.Minha pedaleira normal BBE, Ac Plus e Robot Talk da Xotic e Wha Wha Vox.

E quanto as guitarras?

Cara, tô usando direto minha nova strato Xotic e com o Seu Jorge uso duas stratos N.Zaganin maravilhosas! Sou parceiro das cordas Elixir, Dodo Audrin Store e Xotic Effects e Guitars.

Em “Jimi Shufller”, como o próprio nome diz, você “chuta o balde” no melhor estilo Hendrix. Isso acaba por transmitir uma entrega muito grande na hora de tocar. Como você concilia a questão “teórica” e essa ideia de “soltar a mão” na hora do improviso?

É assim mesmo. A parte teórica existe para te ajudar em situações como esta (em um improviso) onde o cara mostra todo o seu talento. Certas coisas não se aprendem na escola. Mas a escola e importantíssima na formação do musico. O talento são outros 500. Usei um termo antigo né?! (risos)

Como é pra você o lance de composição? O que costuma te inspirar a criar?

Sem dúvida os meus estudos (transcrições), Hendrix, Hiram Bullock, Scott Henderson, Hancock, Parker. E tudo o que acontece no meu dia.

Quem foram os músicos que gravaram no disco com você?

Mac Willian na bateria e Andre Carneiro no baixo, e em duas musicas o Dudu de Souza que toca hoje em dia no meu trio. No piano Dudu Trentin, nos sopros Paulinho Viveiro, Fernando Bastos e Clovis Guimarães e Marcio Zen no clarinete e fagote.

Onde foram feitas as gravações do disco?photo

No estúdio dos meus amigos Diogo e o Tuta. O “E.M.E” Studio.

Quais são os próximos projetos que você tem em mente? O disco Fernando Vidal III, Studios!. Vídeos, o festival de rio das ostras , tributo ao Hendrix. Enfim, quero agitar mesmo! (risos).

 Como tem sido a apresentação desse repertório ao vivo?

Pô, tá sendo ótimo. Agora dia 2 de junho terei a honra de tocar no festival em Rio das Ostras antes do mestre Scott Henderson com quem já troquei e-mail e ele falou que está louco para ouvir “Shulling” (tem uma vinheta que fiz para ele!).

Você tem uma longa carreira como sideman. Conte um pouco sobre essa experiência e o quanto ela influencia no seu trabalho autoral.

32 anos como sideman só me ensinaram e muito a ter respeito com a canção e o interprete dela. São vários estilos diferentes e você tem que se adaptar. Quando toco com meu trio, eu sou o cara e vejo várias situações que eles (artistas) passam. É muita responsabilidade! (risos).

E pra galera que pretende entrar nesse meio musical, o que você pode falar?

É uma rotina que já estou acostumado. Esteja sempre preparado para o show, pois ensaio é para ensaiar e show é para se divertir, com profissionalismo e claro. Sempre se preocupe em ter aquele “sonzaço” de guitarra, pois esse som fará toda a diferença. Com um ótimo som de guitarra e com tudo sempre em cima, sua relação com o artista que você estiver trabalhando se tornará sempre sadia, pois o artista inteligente sempre quer outro artista ao seu lado.

Deixe um recado pra galera do site.

Sempre corram atrás do que vocês acreditam e não queiram tocar igual aos seus amigos pois assim fica chato, cheio de guitarristas tocando e pensando igual. Estudem bastante pois seus ídolos estudaram e praticaram muito, e boa sorte na carreira. Queria também agradecer meus parceiros Elixir, Dodô Audrin Store, Xotic Guitar and Effects e a todos que admiram meu trabalho, pois sem a força de vocês eu não conseguiria. Abraços. F.V.

PARA CONHECER MAIS O TRABALHO E ADQUIRIR O CD SHULLING DE FERNANDO VIDAL ACESSEwww.fernandovidal.com.br