Marcos Kleine – Traçando Novos Caminhos (por Gabriel Beider)


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Gabriel Beider foi a gravação do programa “Agora é Tarde”, para conhecer um pouco mais do novo colaborador da Guitar Experience, Marcos Kleine, que conta um pouco de sua vida num papo descontraído. O guitarrista da banda Ultraje a Rigor, fala sobre seu início na música desde pequeno, sua forte relação com o Palmeiras, além de dividir um pouco a cena com o líder da banda, Roger! 

Como foi seu primeiro contato com a música?

MK- Desde moleque, eu tive uma tendência a música. Eu lembro de uma coisa que ganhei que me deixou alucinado, foi a trilha sonora do Star Wars. Além do filme, eu ficava ouvindo a trilha sonora o dia inteiro, tinha 7 anos de idade e já comecei a ficar alucinado em ouvir rádio, e todas essas coisas. E aos 10 anos eu virei baterista, e comecei a tocar tambor na almofada, tambor em qualquer coisa, tanto que tem uma curiosidade: eu sou o primeiro baterista da banda Viper. Mas não durou muito minha carreira de baterista porque eu não tinha dinheiro para comprar uma bateria e também nem espaço. Então, desde moleque mesmo, sempre me liguei em ouvir rádio e trilha sonora. Fiquei maluco com isso.

Como você disse, tocava bateria. Desde quando você decidiu que queria ser um guitarrista?

MK- Então, com dez anos eu comecei a tocar bateria. Mas por esses problemas de não ter espaço, não ter grana para comprar uma bateria… foi um dia que eu peguei a guitarra do nada, “deixa eu ver”, foi amor a primeira tocada. Eu lembro até o dia. 15 de março de 1985, não esqueço nem o dia. Realmente, foi um momento.. foi assim.. é isso o que eu quero.

Quais foram suas influências musicais que mais te afetaram?

MK- São períodos né? Na parte de guitarra, eu gostei muito de Kiss, fui super fã deles, mas o guitarrista que me fez pensar “meu, preciso fazer isso” foi o Randy Rhoads. Eu lembro que o solo de “Mr. Crowley” eu ouvia 300 vezes por dia e foi uma das minhas grandes motivações para querer tocar bem, estudar, e sempre estar evoluindo. Foi basicamente isso: Kiss, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, que era o que a gente ouvia na época, eu tinha minha veia metal.

Você tem uma forte relação com o futebol, e especialmente com o Palmeiras. Como ela começou?

Foi meio por acaso. Eu resolvi homenagear o clube em 2003, quando o Palmeiras estava pra subir para a primeira divisão de novo e eu fiz uma versão do hino, na minha casa, desencanado. Eu tinha ido no jogo na terça-feira, porque segunda divisão tem jogo de terça-feira e sábado, não gosto de lembrar muito disso (risos), na quarta eu comecei a gravar em casa, quinta-feira eu mixei, e na sexta eu mandei para três ou quatro amigos, um deles trabalhava na Globo, e no dia seguinte eu estava recebendo 3000 e-mails, e fui dando entrevista na CBN, depois na Record, foi super ao acaso.  Então não sei te dizer, foi uma coisa que fiz espontaneamente, e geralmente as coisas que você faz de forma espontânea são as que dão certo. E a torcida abraçou a ideia, já até toquei em estádio, em festas do clube, e um acontecimento muito engraçado foi quando eu estava conversando com o Marcos e ele me mostrou qual era o toque do celular dele, e era o meu hino. Até pensei, isso é meio bizarro. (…). Foi um momento marcante. E a minha relação com o clube já foi maior no sentido político, porque eu já fui proibido de entrar no clube pelo ex-presidente do Palmeiras, pois eu escrevo uma coluna do Palmeiras, então eu me envolvi politicamente também. Mas agora eu já estou mais afastado porque tem certas coisas que não valem muito a pena por ora.

Quais são os equipamentos que você utiliza atualmente para atingir o seu som?

Guitarra, eu tenho uma N.Zaganin com a Variax transplantada, tenho uma Fender Jeff Beck, e estou para pegar uma Tagima também, como endorseer. O amplificador que eu estou usando no programa (Agora é Tarde) é um do Zaganin, mas eu tenho também um Fender Twin que eu uso nos shows do Ultraje e do Vega. Pedais, eu tenho uma M13 da Line 6, tenho o Mudhoney da T-Rex, o TwinBoost também da T-Rex, o bom e velho TS9, e acho que está bom né? Chega de comprar coisas (risos).

Qual a sua mensagem para seus fãs e iniciantes de guitarra, que querem uma carreira mais profissional?

Para os meus fãs, pô, vocês são loucos meu? Vão ouvir um guitarrista bom (risos)!! Não, estou brincando. Olha, eu acho que o básico da música é você se dedicar e fazer o que você acredita. Se você não fizer o que você acredita, não vai a lugar nenhum. Não se influencie por opiniões, e vai atrás do som que você quer. E para os guitarristas, estudem, procurem o seu som original também, não adiantar ficar copiando os outros, e achar que equipamento barato vai sair o som da sua vida. Tudo vem no esforço. É uma coisa que você tem que estudar para tocar melhor, para poder tocar em bandas legais, para poder melhorar o equipamento. Basicamente é isso, acredite no que você quer, e não fique mal com as criticas e nem muito feliz com os elogios.

ENTREVISTA KLEINE E ROGER

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Vocês poderiam explicar para todos os músicos ligados aí como funciona essa experiência de fazer parte do programa “Agora é Tarde”?

Marcos:

Diversão. Para a gente é uma experiência nova, mas é divertido. A gente acaba tocando coisas que a gente não estava acostumado a tocar, tem que sempre pensar em alguma coisa diferente. A gente já tocou de tudo aqui. Já dá para fazer uma turnê só com… vinhetas (risos).

Roger:

É verdade. Principalmente isso. A gente tem uma experiência diferente também no fato de ter horário fixo, uma coisa que a gente não tinha né? Então, agora a gente…. enfim (risos)… a gente tem um horário um pouco diferente, e tive que me adaptar um pouco, principalmente eu.. acho que só saía de casa para fazer show, né? Mas é isso que o Marquinhos falou que é a parte mais legal. Ter que tirar músicas novas, podendo tocar outras coisas que a gente não toca em shows.

Marcos:

Duetos meio inesquecíveis já né? A gente tocou com a Elza Soares, tocamos com o Sócrates cantando “Inútil”, aquelas coisa assim, que a gente não faria normalmente.

Como apareceu esse convite para participar do programa? De onde ele surgiu?

Roger:

O Danilo me pediu no ano passado. Ele falou comigo pelo Twitter, por “DM” (risos). E depois foi lá em casa e falou que tava afim de fazer um programa, que era tipo um “late night”, que é um programa que não tem aqui no Brasil. O programa do Jô é mais ou menos um “late night show” dos Estados Unidos, mas é mais focado na entrevista. Esse aqui você vê que tem um pedaço de entrevistas, mas tem mais as brincadeiras e tal. E é um estilo de programa que eu gosto. Eu sou fã do David Letterman, do Johnny Carson e tal. E falei: “Pô, bacana, né? Vamos ver.” Meu grilo era principalmente esse, o horário, se não ia atrapalhar os shows do Ultraje e tal, né? Mas ao contrário né? A gente nunca se reunia para tocar durante a semana (risos). Cada um com o seu negócio e tal. Aqui a gente tem esse tempo livre, apesar de a gente vir e tirar as músicas que tem que tocar, normalmente umas três ou quatro só e o resto a gente fica brincando aí. Super gostoso.

Marcos:

Você só pergunta onde é que a gente ensaia: aqui (risos), na Band! Com câmeras… você vê que é um ensaio “profissa” (risos).

E de onde vocês tiram o repertório? Pois a maioria das músicas são para o lado humorístico, né? De onde vem essas sacadas?
Marcos:

Eu e o Roger, a gente faz um “brainstorm” da internet. Sugestões… vai experimentando…

Roger:   

Eu tenho um conhecimento grande, realmente. Eu sou de 56 (risos), eu ouvi muita música engraçada em desenho animado, filmes e tal. A gente faz isso. Tem até uns aplicativos que a gente tira… o convidado inspira também, as vezes inspira de uma maneira mais óbvia, sei lá… o Marcelo Nova a gente toca música do Marcelo Nova…

Marcos:

Para o Andrés Sanchez, a gente tocou a música da Libertadores (risos). Meio óbvio (risos).

Roger:

Mas é isso. A gente procura uma música que tem a ver com o cara.E a música que a gente toca no comecinho, que é meio só pra apresentar o Ultraje, a gente faz uma vinhetinha de música engraçada mesmo.

Marcos:

E o legal é que agora a gente fica atento. A gente está vendo TV e pensa “olha que tema legal”, a gente tem que ficar meio esperto né? Agora que tem o programa três vezes por semana, a gente vai ter que tocar bastante coisa, vai ter que ficar renovando.

Roger:

O Ultraje, quando a gente começou, era uma banda de cover. E a gente já tinha muito dessa inspiração, já fazia parte do nosso repertório bem no comecinho dos anos 80, a música dos “Cobertores Parahyba”, o tema dos Flintstones, tango pois estava na Copa do Mundo e a gente queria tirar sarro de argentino… essas coisas já fa- ziam parte, então não foi um “pô, a gente vai ter que tocar coisas completamente diferentes do que a gente costuma fazer, entendeu? Mesmo antes de shows, ou durante o show, a gente sempre toca uns negócios tipo “Pantera Cor de Rosa”, uns negócios meio nessa onda.

Marcos:

E a gente é fã das séries que a gente toca também (risos), e a gente acaba se divertindo também.

Ao participar deste programa na TV, certamente o Ultraje ficou ainda mais conhecido. Isso abriu mais portas e convites para shows, apresentações, workshops, etc…?

Marcos:

É natural né? A TV é um canhão. Existe mais procura, em todos os sentidos. Mais seguidores no Twitter, no Facebook, mais telefonemas querendo shows.. então isso é natural. E os shows têm sido maiores também, e outra coisa que tenho notado, é que tem muita molecada nos shows do Ultraje, tem um público bem jovem, bem legal isso também.

Roger:

Não por causa do programa, mas a gente já tinha molecada que os pais apresentam, né? Mas realmente, começa a pegar ainda mais um novo público, gente que não lembrava e vê a gente na TV, ou quem conhece agora. Mas claro que a gente já tinha um nome bem conhecido, mas aparecer na TV é bom.

Marcos:

Tinha gente que não acompanhava a agenda e falava: “pô, vocês sumiram!”. Sumimos nada, estamos fazendo shows, estamos na TV, vocês que não estão vendo as coisas direito (risos).

Roger:

Não é a mesma coisa que estar na Globo (risos). Não é porque está na Bandeirantes, mas é um programa que tem um público mais ou menos direcionado. Vê bem tarde, na noite, mas provavelmente não tem que trabalhar cedo de manhã (risos). Então deve ser mais jovem mesmo.

Marcos:

E a nossa chance de ser despedido da Bandeirantes é menor né? Porque na Globo a gente não poderia tocar um monte de coisa (risos).

Vocês tem algum projeto atual? Gravando algum CD, ou algo paralelo ao programa?

Roger:

Nós estamos com um projeto, um DVD ao vivo, pela VH1 e não temos ainda a data certa, mas a gente deve gravar ainda nesse ano, mas sair provavelmente no começo do ano que vem.

Querem deixar mais alguma mensagem? 

Marcos:

Queremos conquistar o mundo (risos)!!!

Roger:

Ou 24 territórios (risos)!!!

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