O Lado Alemão do Blues (Por Júlio Siqueira)


Você já ouviu falar de um músico alemão chamado Henrik Freischlader? Se sim, veja abaixo com exclusividade a entrevista que ele deu ao Guitar Experience, se não, leia a entrevista e pesquise sobre ele, tenho certeza de você vai gostar.

Henrik Freischlader é um workaholic quando se trata de música, além de cantar, tocar guitarra e vários outros instrumentos ele é compositor, produtor e tem a sua própria gravadora. São 6 álbuns de estúdio, incluindo o que será lançado em Abril de 2016 e mais 3 álbuns ao vivo.

Com uma respeitável discografia e musicas de altíssima qualidade, Henrik tem uma vasta agenda de shows por toda a Europa além de já ter tocado com grandes lendas da música.

Henrik Freischlader Trio als Support der Tedeschi Trucks Band in Berlin, Tempodrom
Henrik Freischlader Trio abrindo para Tedeschi Trucks Band em Berlin

Olá Henrik! Obrigado pela oportunidade.

Olá Júlio, é muito bom poder falar com vocês ai do Brasil, eu e a banda adoraríamos tocar para vocês em algum dia desses.

 

 Além de guitarrista e cantor, você também é compositor, produtor e toca vários instrumentos (baixo, bateria, teclado, percussão, etc.). Eu gostaria de saber, como começou a sua história com a música?

Eu comecei a tocar bateria muito cedo, quando eu era uma criança pequena. Meu pai tocava bateria em uma banda “oldie” e às vezes ele me deixava mexer em seu kit de bateria. Eu tinha quatro anos de idade quando me senti hipnotizado pela música. A bateria foi o meu principal instrumento até que nos mudamos de casa, o som ficou muito alto para os vizinhos e eu tive que mudar para a guitarra. Eu tinha 14 ou 15 anos de idade quando ouvi pela primeira vez o solo de ‘Cold Day in Hell’ do Gary Moore. Foi esse solo que me levou a tocar guitarra. Ele é a razão pela qual eu toco guitarra e porque eu amo o blues.

Nesse meio tempo, tive a oportunidade de experimentar outros instrumentos. Houve um período em que eu estava querendo tocar baixo, isso foi quando eu tinha aproximadamente 17 anos. Minha mãe deu um baixo de presente de Natal e eu aceitei com prazer, haha.

 

Você teve professores?

Além de todas as músicas e artistas maravilhosos que eu estava ouvindo, não. Eu tive algumas aulas de piano, mas eu não gostei. Hoje eu não consigo me lembrar de nada do que aprendi nessa época, eu toco piano muito mal. Para mim ele funciona melhor para iniciar alguma coisa e chegar a um ritmo.

 

Quando você percebeu que poderia ser um músico profissional?

Eu nem sei se sou um músico profissional, haha. Eu sou um músico apaixonado, eu amo o que faço e sou grato por poder fazer o que faço! E quando Deus me deu esse enorme presente de ser capaz de sentir esse amor pela música, percebi que queria fazer alguma coisa com ele. E é isso o que estou tentando fazer.

 

O que fez você querer tocar blues? Quem são suas influências? Você já teve a oportunidade de tocar com algum deles? Como foi?

Na verdade, foi o Gary Moore e o som de sua guitarra. A maneira como ele tocava e dizia tanto com cada nota. Eu acho que nós não sabemos realmente como a inspiração funciona, mas em primeiro lugar é sempre preciso uma admiração verdadeira e profunda. Eu apenas admiro muitas músicas e outras coisas. Gary tinha muitas características de “convidados” em seus álbuns, Peter Green, BB King, Albert Collins, Albert King. Eu tenho isso também. Isso me levou a outros artistas dentro de suas influências. É assim que funciona. Hoje eu adoro ouvir D´Angelo, Black Music e Soul. Neste momento eu estou produzindo um disco de New-Soul para uma artista Escocesa, talvez porque eu tenha visto quatro shows do D´Angelo no ano passado. Haha. O Blues, para mim, é sempre a base de tudo o que faço. O groove, a simplicidade, o poder e a honestidade… e o sentimento que você tem quando está ouvindo.

Sim, eu tive a oportunidade de dividir o palco com BB King, Gary Moore, Peter Green, Johnny Winter, Joe Bonamassa e a Tedeschi Trucks Band.

 

alemaoVocê tocou com o Joe Bonamassa e além disso ele tem uma participação no seu álbum Still Frame Replay, como vocês se conheceram?

Eu conheci o Joe em uma de suas primeiras turnês pela Alemanha, quando tive a oportunidade de ser junto com o meu primeiro trio, a sua banda de apoio. Nós nos tornamos amigos e ele disse “sim” quando eu perguntei se ele gostaria de tocar na faixa titulo de Still Frame Replay. Nós sempre tentamos nos encontrar quando ele vem tocar na Alemanha.

 

Além de um excelente músico, como você, o Joe Bonamassa é conhecido por colecionar guitarras, eu gostaria de saber se você também tem essa “mania”?

Na verdade não, eu tenho uma pequena e boa família de 8 guitarras que eu realmente amo, eu desta forma eu sempre sinto que posso dar atenção e amor a cada uma delas. Eu gosto de me manter simples assim, para não me sentir mal, haha.

 

E qual delas é a sua favorita?

Todas elas!

 

Quais são os equipamentos que você normalmente usa?

Para os próximos shows com o meu novo trio, vou usar o meu amplificador signature da Realtone, um Fender Vibrolux, um Fender Leslie de 1968 e duas caixas 2×12 da Fender com os alto-falantes azul e prata, Alnico Buldog. Para essa banda eu quero um som mais forte e vintage. Eu também vou usar a minha Fender Telecaster de 1969 e uma Fender Strato ouro com captador P-90 na ponte. Isso é o que eu sei até agora, ideias para pedais e outras coisas ainda estão se formando… Clyde Wha, Fulltone Octafuzz, RC-Booster e algum Lehle Switch para os amplificadores.

 

HF-Sziget-2014_433-RZVocê está lançando um álbum chamado Openness, esse é o seu sexto trabalho de estúdio, correto? Você pode nos falar um pouco sobre ele?

Sim, você está muito bem informado. É claro, o álbum traz músicas feitas com muito amor pelos detalhes. É sobre groove, tentando tocar as notas certas na hora certa e, é claro, é sobre a nova banda e sobre o que podemos tocar juntos. Liricamente e traz as coisas que estavam acontecendo na minha mente quando escrevi as músicas. É mais fácil simplesmente ouvi-lo do que explica-lo, haha.

 

Você pode nos contar um pouco sobre a sua banda, quem toca com você?

Alex Grube no baixo! Um grande cara com um grande som, muito sensível em relação às canções e melodias, muitas vezes acontece de tocarmos o mesmo lick ao mesmo tempo. Carl-Michael Grabinger na bateria! Um cara legal com uma batida bacana, muito tranquilo, firme e sensível em relação ao groove correto. Estou muito feliz em tê-los ao meu lado, os shows serão muito divertidos.

 

Você tem a sua própria gravadora, a Cable Records, de onde veio essa ideia?

A ideia veio do meu desejo de ser independente e ser capaz de manter a minha música o tão livre quanto possível. Eu também queria trazer de volta um pouco de estilo, lançando fitas e discos em vinil… coisas bonitas!

 

Você tem alguns shows marcados para 2016 na Europa, correto? Você tem algum plano de tocar no Brasil?

Não tenho planos, tenho desejo. Temos cerca de 50 shows agendados até agora para este ano, mas ainda há algum tempo livre durante o verão. Um brilhante guitarrista brasileiro chamado Artur Menezes me escreveu um e-mail muito gentil dizendo que quer que isso aconteça. Talvez possamos trabalhar juntos! Os rapazes e eu adoraríamos tocar para vocês.

 

Você conhece algum artista brasileiro? Já teve algum contato com a nossa música?

Você quer dizer com música tradicional brasileira? Infelizmente, ainda não, mas eu espero que ela me impacte quando eu a ouvir. Quando o Artur Menezes me escreveu, eu pesquisei sobre ele na Internet e fiquei muito impressionado com o seu jeito de tocar. É muito bom ver que o Blues ainda está vivo, em todos os lugares.

 

Henrik, muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer falar com você! Esperamos vê-lo em breve no Brasil.

O prazer foi todo meu, obrigado por seu interesse. Que Deus os abençoe!

 

 

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