Na Trilha do Blues (por Rafael Ferraz)
Duca Belintani lança seu novo método para guitarra blues
Quando você foi “pego” pelo Blues?
Acho que desde pequeno. Minha mãe é regente e professora de musica e lembro-me de quando era criança fazer um “som” com ela no piano enquanto ela tocava alguns Standards de jazz e blues.
Mais tarde quando ouvi Eric Clapton e pirei…
Você já lançou diversos livros da série “Na Trilha do Blues”, entre outros, e agora esse novo livro. Como você acha que é a didática do blues aqui no Brasil?
Se for comparar quando eu comecei a tocar estamos bem à frente, pois não havia nada.
Com o passar do tempo os músicos de blues começaram a passar o que sabiam aos alunos e isso cresceu.
Na parte editorial nacional acho que fui eu quem começou com essa onda, pois o que havia era material importado e sempre muito caro. Quando lancei os primeiros Na Trilha do Blues em banca de jornal e baratinho para o Brasil todo é que a coisa ganhou uma proporção maior. O que tinha de material nacional eram publicações gerais de guitarra e que continham entre outros assuntos, blues, mas especificamente e para guitarra acho que fui o primeiro. Depois apareceram outras.
E a decisão de escrever esse novo livro?
Como os Na Trilha do Blues de banca de jornal esgotaram e o Toque de Mestre (que também era voltado ao blues) que a Editora faliu, fiquei sem publicação e muita gente cobrava e quando recebi o convite da DPX não pensei duas vezes.
Logo na capa já se nota o valor que você dá aos produtos nacionais. Como você vê a produção nacional hoje em dia, em comparação as marcas importadas?
A capa em questão fiz pensando que não queria aquele formato de ter a minha figura na capa (nada contra) e pensei em montar uma tipo memorabilia do guitarrista e com isso coloquei na capa os “acessórios” que sempre usamos e claro, aproveitei para colocar as marcas que represento pois são marcas que acredito e que tem uma qualidade indiscutível. É o que eu uso e vejo que quase 100% não deixam nada a desejar.
Qual o caminho que o aspirante a “Bluesman” precisa trilhar pra encontrar uma voz própria?
No início o importante é ouvir os mestres isso quer dizer, você curte um guitarrista escute muito esse cara depois vá ouvir o que eles ouviram e depois coloque seu estilo.
Acho muito importante conhecer o chamado tradicional, pois foi daí que surgiu, mas penso que colocar suas influências e características faz com que o estilo evolua e não fique preso a amarras, senão todos estariam tocando a mesma coisa.
Tradição é importante, mas evolução também. E claro um bom professor para orientar.
Quais caras fazem sua cabeça em matéria de blues?
Sempre gostei e ainda escuto Eric Clapton, mas não deixo sempre de dar uma ouvida nos mestres (BBKing, Buddy Guy..) e ficar antenado em quem está fazendo algo novo.
Já há algum tempo que não passo um dia sem ouvir Robben Ford que para mim é meu grande mestre hoje em dia.
Como é o cenário para apresentações desse estilo aqui no nosso país? Encontra ainda algumas barreiras por não ser um estilo genuinamente nosso?
Melhorou muito, mas ainda é pequeno. Os maiores eventos que temos aqui hoje estão sendo representados por Festivais por todo o país e isso há alguns anos atrás não existia.
O que falta são casas específicas para Blues. Existe um publico muito bacana e fiel, claro que não se pode comparar a coisas populares, mas tem um publico.
Onde foram feitas as gravações do CD que acompanha o livro?
Fiz tudo aqui no meu home Studio.
Quais guitarras e equipamentos você usou?
Como foi uma coisa que fui fazendo aos poucos acho que usei muita coisa hahaha, mas basicamente minha Tele e Starto Fender, amplificados Falcon da Meteoro e Blues Delux da Fender. Pedais usei o Ducamble que é um pedal que foi desenvolvido para mim pela Tom Tone e é um drive. Os cabos de guitarra e microfones foram da Tecniforte, as cordas SG Strings as palhetas Lost Dog.
Quando microfonei usei um Shure SM 57 e a plataforma de gravação foi o Pro Tools.
Fale mais sobre esse pedal Ducamble.
Este é um pedal que foi desenvolvido pela TomTone junto comigo e que procuramos um som de drive que tivesse uma característica do Amplificador Dumble em baixo ganho de saturação como se estivesse com o ampli ligado e achoo que conseguimos. O pedal é bem dinâmico respondendo bem a intensidade que você toca.
Como acontece a distribuição dos livros?
O novo livro está saindo pela Editora DPX e está disponível basicamente na Free Note que é uma loja especializada em livros musicais aqui de São Paulo. Existem outros pontos de distribuição em lojas e internet que você pode saber pelo site da editora.
Em tempos de internet com tudo a mão, como convencer ou mostrar o valor que um material desse tipo tem sobre essas outras formas de publicações.
Acho que são coisas complementares, porém um livro é sempre um livro, pois você pode levá-lo onde quiser e não depende de acesso ou aplicativos etc. E você pode estudar quando e onde quiser com ele, sem contar que ainda vejo um “charme” em ter o livro nas mãos.
Quais projetos mais você tem participado?
Continuo a dar minhas aulas particulares, fazendo shows do meu novo cd “Na Trilha do Blues”, workshop, escrevendo para revistas, escrevendo livro, desenvolvendo projetos didáticos. Às vezes almoço e durmo também haha…
De fato, você é um cara que está sempre trabalhando. Com a bagagem que você tem, qual mensagem que acha valiosa para deixar para os leitores do Guitar Experience?
Acho muito complicado sugerir algo, mas vou citar o que fiz e o que pensei quando decidi que queria trabalhar com música.
Pense sempre que o mercado é grande e que se você gosta pode atuar em qualquer segmento do mercado. Não fique imaginando que trabalhar com música é somente “sua banda dar certo”. Você pode trabalhar como colunista, sideman, músico de estúdio, técnico e especialista de produtos, etc. O importante é estar preparado para o que o mercado precisar.