Conversando com Mr. 335 (Por Júlio Siqueira)
Larry Carlton, Bourbon Street Music Club, 19 de Julho de 2016
Valeu a espera, 33 anos após sua última passagem pelo Brasil, o guitarrista Larry Carlton trouxe toda a sofisticação e charme de suas músicas para o público que esteve ontem à noite no Bourbon Street, a apresentação foi impecável e recheada de clássicos de todas as épocas de sua longa carreira. O Guitar Experience esteve lá e conversou com ele.
Fotos Júlio Siqueira / Gustavo Barros
GTREXP: Olá Larry, como vai você?
LC: Eu vou bem! Prazer em conhece-lo.
GTREX: O prazer é meu. É muito bom ver você no Brasil.
LC: Já faz muito tempo que eu não venho pra cá.
GTREX: A última vez foi em 1983?
LC: Isso.
GTREX: Você é uma grande influência, para muitos guitarristas no mundo todo! Eu gostaria de saber quais foram as suas influências.
LC: Provavelmente você sabe que eu comecei a tocar guitarra com 6 anos de idade, eu tive muita influência pelo que se ouvia no rádio naquela época, nos anos 50, eu ouvia muito rock com Chuck Berry e música country com diversos artistas, eu era muito jovem, tinha entre 8 e 10 anos. No começo dos anos 60 eu comecei a me interessar por jazz, eu comecei a ouvir Joe Pass, Wes Montgomery, além do rock e da música pop que tocava nos clubes, a minha versatilidade vem desse fato, de eu ter ouvido muitos tipos de música.
GTR EXP: Você tem uma música chamada Rio Samba, o que te inspirou a escreve-la? Ela tem alguma coisa a ver com o Brasil?
LC: Não, eu escrevi a música e depois dei esse nome por achar que ela talvez se parecesse um pouco com a música brasileira.
GTR EXP: Eu gostaria de saber um pouco da história de sua Gibson 335 e de onde vem o seu apelido de Mr. 335?
LC: Quando eu comecei a tocar como músico de estúdio tive a chance de usar várias guitarras diferentes, Fender Telecaster, Stratocaster, Gibson 175, mas eu queria encontrar uma guitarra em que eu pudesse tocar todos os estilos e para mim a 335 tem as características necessárias para o jazz, mas ela também pode ser uma guitarra de blues ou para música pop. Eu comecei a tocar com essa guitarra em estúdio no final de 1969, e o som dela começou a ficar conhecido como algo novo e todos os estúdios e músicos resolveram comprar uma 335, mas eu fui o primeiro. Algum tempo depois disso começaram a me chamar de Mr. 335.
GTR EXP: A guitarra que você vai usar hoje é essa de 1969?
LC: Sim
GTR EXP: Para você qual é o segredo para combinar técnica e feeling?
LC: É uma coisa muito pessoal, algumas pessoas nasceram para serem mais técnicas que outras, e alguns tocam com mais feeling. Eu sei que muitos guitarristas têm muito mais técnica que eu, mas para mim o mais importante é o feeling, a técnica apenas me ajuda a expressar o que estou sentindo.
GTR EXP: Você ainda tem alguma rotina de estudo?
LC: Não tenho mais, isso é muito interessante. Eu faço aproximadamente 80 shows por ano mas eu nunca toco guitarra quando estou em casa, eu sou apaixonado quando estou tocando, mas em casa eu nunca toco.
GTR EXP: Você pode falar um pouco sobre a sua banda de hoje?
LC: Sim, os músicos foram sugeridos pelo meu promotor e eles são ótimos! São muito bons! Você vai ouvi-los hoje à noite. Eu acho que devemos fazer mais shows juntos, nosso entrosamento é muito bom.
*Grupo formado por Jota Morelli (bateria), Daniel Maza (baixo) e Colo Silva (teclados).
GTR EXP: Quais são as suas expectativas para hoje à noite, o que nós vamos ver e ouvir?
LC: Eu não toco aqui há muitos anos, as pessoas vão ouvir músicas que ainda não ouviram, mas com certeza também vou tocar aquelas músicas que seu que o público espera ouvir, Smiles and smiles to go, Minute by minute, Josie, as pessoas vão ouvir muito blues e jazz, com certeza. De todas as fases da minha carreira.
GTR EXP: Larry, muito obrigado por sua atenção, tenha um ótimo show!
LC: Muito obrigado Júlio.
Foto Gustavo Barros
*Nota do editor
Agradecimento especial a Demma K. e Bourbon Street Music Club
Para mais informações acesse Larry Carlton e Bourbon Street Music Club