Rafael Nery – Acústicamente Rock (por André Sampaio)


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Lançando o CD Say a Word o jovem guitarrista mostra amadurecimento e vai pelo caminho menos óbvio ao fazer um trabalho inicial acústico 

Obstinado pela qualidade e respirando guitarra vinte e quatro horas por dia, este recém formado na Faculdades Carlos Gomes, vem trabalhando incansavelmente, seja nas transcrições da Cover Guitarra, no seu site o www.guitar-clinic.net, com o seu projeto Web Experience, ou ainda no trabalho de divulgação do seu mais recente CD acústico, Say a Word, lançado no começo deste ano.

Rafael, o pessoal conhece você pelas transcrições na Cover Guitarra e pelo seu site Guitar-Clinic, mas nos conte um pouco das suas origens e suas influências na guitarra…

Eu comecei influenciado por bandas de Heavy Metal como Iron Maiden, Angra, Sha- man, Racer X, Queensryche e depois acabei me interessando por bandas de Hard Rock/ Rock clássico como Mr.Big, Creedence Clearwater Revival, Kansas, Queen e etc. Falando de guitarristas posso citar Paul Gilbert, Richie Kotzen, Jeff Beck, Kiko Loureiro, Steve Morse e Greg Howe.

Sou formado em licenciatura plena em mú- sica pela faculdade Carlos Gomes e antes disso cursei alguns semestres de Composição e Regência onde tive contato com a música clássica de vários períodos.Também estudei no Conser- vatório Souza Lima com os professores Vandré Nascimento, Márcio Alvez e Ciro Visconti.

Legal! Agora, com essas influências que você citou, e com o seu primeiro trabalho tendo sido um CD exclusivo de guitarra, o Web Experience, o que te levou a fazer esse CD acústico, o Say a Word?

Eu queria fazer algo inesperado, pois o ób- vio seria um cd cheio de solos de guitarras. Na verdade, quase todas músicas já existiam muito antes do projeto Web Experience, ou seja, queria mostrar um lado meu que muita gente não conhecia e que sempre existiu. Queria mostrar que eu poderia cantar e escrever canções em que o foco principal não era a guitarra e sim a melodia e letra. Tudo isto ocorreu de maneira natural e sempre foi o que eu tinha como objetivo.

Fale mais desse trabalho, como foi a concepção, a composição e a gravação?

Inicialmente o disco era pra ser um single só da música Say a Word, depois virou um Ep e por fim decidi que seria melhor adicionar duas canções e fazer deste um álbum completo. É engraçado pensar nisto agora, mas acredito que esta foi a melhor decisão.

O processo de composição foi um pouco longo, pois as músicas foram escritas em fases diferentes e nem todas foram concebidas inicialmente de maneira acústica. Muita coisa não entrou no disco justamente por não ser tão compatível ao formato violão e voz. Acredito que o disco foi escrito “inconscientemente” por três anos porque quando escrevi a primeira música, não tinha idéia que ela iria ser lançada em um álbum acústico.

O processo de gravação foi longo e demorado, pois quando você grava sozinho sempre existe aquela insegurança de “Será que está bom o suficiente?”.Foram horas gravando violões e suas devidas dobras, fazendo vários takes de voz e trabalhando os arranjos e programações. Felizmente, o disco tem sido bem aceito, o que mostra que todo trabalho foi recompensado.

Falando em tocar e cantar, notei que no CD você se preocupou bastante com a voz, o que nem sempre é comum em CDs de guitarristas… Como foi essa preparação? Hoje você se considera mais guitarrista ou vocalista? rs

A preparação começou há alguns anos atrás quando decidi que iria também assumir esta responsabilidade. Eu sou muito crítico, principalmente comigo mesmo, por isto o processo foi e ainda é muito árduo. Meu objetivo é fazer  as duas coisas com a mesma qualidade e não deixar que alguma das coisas “compense” a outra. Tive noções de canto coral na faculdade e estudei com a professora Camila Senne que me ajudou muito e resolveu diversas dificuldades que eu tinha.

Apesar da minha maior experiência como instrumentista, prefiro me considerar como um músico interessado em continuar aprendendo.

E essa coisa de cantar em inglês?Tem alguma razão mais específica para isso?

Eu cresci ouvindo bandas que cantam em inglês, então foi um processo meio que natural. Eu me identifico com o idioma e acabo pensando diretamente nele para compor, é difícil de explicar, mas me sinto bem fazendo desta forma. A vantagem desta escolha é que o ma- terial pode atingir um público maior fora do Brasil, o que é muito importante para o estilo de música que toco.

Dá para notar que em faixas como Beyond the Night a influência de baladas de metal é forte, ao mesmo tempo em que em músicas como a faixa-título à levada é mais rock, mesmo as- sim o disco tem uma forte unidade, como foi transitar por esses estilos sem perder a identidade do CD?

Acredito que a identidade está sempre ligada a você ser totalmente quem você é e não tentar “construir” uma imagem forçada. Existe realmente esta diferença na sonoridade das canções e com algumas audições a mais é possível perceber o mesmo em outras faixas do disco, porém estas são como vozes diferentes da mesma pessoa. A razão de influências distintas se deve ao período em que elas foram escritas, já que Beyond the Night foi escrita muito antes de Say a Word.

Como você microfonou os violões?

Usei um microfone Marshall V67-G próximo ao décimo segundo traste do Violão e um Shure sm-57 próximo da ponte. Os dois estavam ligados diretamente em uma M-audio Fast Track Pro que também alimentava o microfone condensador pelo seu Phantom Power. Tudo foi gravado duas vezes para deixar o som mais “cheio”.Como o disco foi gravado todo em meu Home-Studio tive de tomar as precauções necessárias para evitar reverberações na captação, portanto foi necessário “forrar” a sala com tudo que eu tinha em casa…rs

E o Equipo utilizado? O que você usa no seu set de shows e o que você usou na gravação?

Para gravação, usei violões de aço Tagima com os microfones mencionados anteriormente, decidimos não usar o som de linha destes na gravação. O Marshall V67-G também foi usado para gravar a voz e após todo processo, o disco foi mixado por Dennis Pombo usando uma interface M-audio Profire 2626 no Pro Tools 8.

Falando da gravação da Guitarra da última faixa, foi usada uma guitarra stratocaster equipada com captadores Sérgio Rosar RN-1 ligada em linha com plug-ins para efeitos. O baixo desta faixa e o da Before the Rain foram gravados por Fer- nando Bobbio usando um Condor BX-12.

Meu set para shows é bem simples: basicamente, conto com duas guitarras stratocaster equipadas com captadores Sérgio Rosar RN-1 customizadas pelo Luthier Nelson da Magna Luthieria, palhetas Lost Dog, amplificador meteoro e uma pedaleira Pod X3 live que possui uma variedade de timbres e muitos efeitos. Possuo mais algumas guitarras, mas consigo obter um timbre bacana e eficiente com estes equipamentos, também não posso deixar de mencionar os bags da Avs Bags e os cases da Iron case pelo apoio.

E os próximos passos?

A divulgação do disco Say a Word deve continuar por todo ano de 2010, porém já estou trabalhando em novas músicas para futuros trabalhos e posso garantir que estas estão soando ainda melhores e mais maduras graças a toda experiência que obtive ao gravar este cd acústico. Estou trabalhando também alguns temas instrumentais que são uma extensão do projeto Web Experience (que pode ser baixado gratuita- mente em meu website). Portanto não deixem de conferir as novidades em meu site pessoal: www.rafaelnery.com