Estreando com tudo! (Por Rafael Ferraz)


Plexiheads

Ter no seu primeiro trabalho gravado um punhado de “Riffs” bacanas, solos bem feitos, boas melodias, e participações mais que especiais, é por si só algo que já chama atenção nos dias de hoje. Sem dúvida é algo digno das grandes bandas de Rock. E é assim que começa a história do Plexiheads. O que era de início para ser um trabalho solo do músico Luiz Sacoman acabou tomando um formato de banda e, possivelmente, esse formato fez com que o resultado final fosse um disco com aquela atmosfera de banda de rock, onde se pode perceber a influência de todos os músicos que resulta em um só som, consistente e forte, como tem de ser o bom e velho Rock n’ Roll.  Acompanhe agora um papo bacana com o guitarrista e vocalista do Plexiheads, Luiz Sacoman, sobre esse trabalho. Como foram realizadas as gravações, obtenção de timbres, equipamentos, e dicas para você que tem banda e não sabe muito bem por onde começar a trabalhar. 

Pra começar, fale sobre o início do Plexiheads, como a banda começou?
Inicialmente era pra ser um trabalho solo. Comecei a compor no estúdio, a partir de uns riffs que eu já tinha e outros que foram surgindo. Era uma época muito produtiva, mas senti falta de compor com uma banda de verdade.
Foi então que dei uma parada nas sessões de estúdio e resolvi chamar os amigos. Falei com o guitarrista Fred Berlowitz, que foi essencial na pré-produção e composições.
Dei um alô pro baterista Athos Costa (ex-Zero), amigo de longa data e pro baixista Norton Lagoa (ex- Burmah), um dos melhores baixistas de rock que conheço. O Fred teve que sair da banda logo após a gravação por motivos contratuais com outra banda. Uma pena, mas ele irá participar de alguns shows como convidado. Depois da gravação, pouco antes da saída dele, o organista Jimmy Diniz Papon entrou para a banda.

E qual o motivo da escolha do nomePlexiheads?
É uma brincadeira com palavras em alusão aos amps de guitarra da época de Jimi Hendrix. Um nome sonoro e também com uma conotação lúdica. Imagino logo umas cabeças de acrílico, no estilo da capa do álbum Deep Purple In Rock.24437_523603361023423_288056168_n

Como decidiram o direcionamento sonoro que o som do álbum teria?
Pensávamos em fazer um álbum de blues, mas por termos escolhido um produtor com maior experiência com bandas de metal, o que na verdade fez com que as musicas soem mais pesadas, mas o resultado final nos agradou bastante.

Onde foram feitas as gravações?
Gravamos no Estúdio Fusão (do produtor Thiago Bianchi). A masterização foi feita no Abbey Road, lendário estúdio de Londres.

 O trabalho em banda parece que acaba trazendo uma atmosfera “familiar” presente na maioria dos grandes clássicos do rock. Acha que isso o fez decidir por transformar o projeto solo em banda?

Certamente. Compor em grupo traz as características de cada integrante e isso fica impresso nas composições. Não me agrada muito compor 100% de uma música “em laboratório”. No final, quando você vai tocar pra valer uma destas composições feitas em cima de bateria eletrônica e no ambiente de estúdio, algo acaba não soando bem. O fator humano faz falta na hora de decidir levadas, respiração no canto, precisão na execução de riffs e solos.

Falando em timbres e abordagem na guitarra, quais características você destacaria no seu estilo em relação ao estilo do Fred Berlowitz?

O Fred estava numa fase “fuzz”, com um timbre mais vintage e eu sempre tive uma tendência mais “high-gain”. O Fred também adicionou detalhes de slide aos sons, dando a eles um sabor especial.
Apesar de diferentes, nossos timbres se completaram.
Eu vinha ouvindo muito alguns guitarristas com forte base no blues como Doyle Bramhall II, David Grissom, Kenny Wayne Shepherd, Johnny Lang, entre outros e isso certamente influenciou muito meu estilo no disco. O Fred é uma parabólica sonora (risos). Seu vasto repertório e diversificada influência fazem que seus solos soem desde George Harrison a Nuno Bittencourt por exemplo.

Quais equipamentos vocês utilizaram no disco?

Levamos um verdadeiro exagero de amps. A idéia era experimentarmos ao máximo.
Foram cabeçotes Orange, Marshall, Soldano, caixas com diversas configurações e falantes, mais alguns amps vintage como um Fender Super Reverb ano 1966 todo original. Não variamos demais nas guitarras que foram essencialmente Stratos e Les Paul e em poucas faixas o Fred utilizou uma semi-acústica. Muitos pedais como o Rotosphere da Hughes & Kettner (simulador de caixa Leslie), AnalogMan Sunface (fuzz), Wah Dunlop Jerry Cantrell, Elite Tone Fuzz/Octavia, TC Electronic Nova Delay, entre outros.

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O que te agrada nesses equipamentos?

Depois de muito experimentar, escolhemos o que mais agradou, e no final gravamos muitos solos no Fender Super Reverb porque gostamos do som vintage que ele proporcionou sem o menor esforço. As gravações onde usamos caixas 4×12 foram feitas com uma Orange com 4 Celestion Vintage 30. Na minha opinião a melhor 4×12 do mercado. Ela pesa 50 Kg contra os 37 Kg de uma Marshall 1960, mas o som compensa o inconveniente do peso. Gosto muito das reedições e minha Les Paul predileta é a 1960 Reissue ou R-Zero com Burstbuckers 1 e 2. As Stratos reissue também nos agradam mais. Usamos uma 1960 e outra 1968 Heavy Relic. Cordas Ernie Ball .010 e o Fred .011, o Norton tbm é do time da Ernie Ball com .45. 

Comente sobre as participações especiais no disco.

As participações no disco deram um toque tão especial que após termos o material pronto, mudamos alguns arranjos ao vivo e chamamos o incrível organista Jimmy Diniz Papon para a banda. Inicialmente queríamos alguns Hammonds e o Daniel Latorre gravou 5 faixas com timbres maravilhosos de eu C3 em uma Leslie original no estúdio Sound Finger. Depois disso achamos que algumas músicas pediam mais teclas e chamamos o Luciano Leães para colocar pianos Wurlirzer e Hammonds em outras faixas. Adoramos o resultado ! Queríamos também um solo de slide e logo pensamos em chamar nosso amigo e meu professor de blues Marcos Ottaviano. Ele gravou em um só take, um dos solos mais bonitos de slide que já ouvi ! A gravação foi no Z&O Estúdio do querido Amleto Barboni.

A participação da Orquestra de Heliopolis na The Voice of a Shanty Town foi algo incrível. Quando compusemos esta faixa cuja letra conta a história de um cara que nasceu em uma favela e descobre na música uma vida melhor, já tínhamos a idéia de chamar a orquestra para participar do CD, mas isso nos parecia algo muito difícil e distante. Por coincidência, conheci o pessosl do Instituto Baccarelli através de amigos e conseguirmos a incrível participação de um quarteto formado por jovens que moram em Heliopolis e já viajaram o mundo através da Orquestra de Heliópolis. Foi uma honra tê-los em nosso disco e esperamos incluir a participação do quarteto em algumas de nossas apresentações especiais.

Falando em letras, vocês optaram pelo inglês. Inclusive todo o texto do encarte do disco está em inglês. Fale um pouco sobre os motivos dessa escolha.

Optamos pelo inglês porque acreditamos que isso fará com que nossas músicas atinjam pessoas em todo o mundo. 
Também por sermos uma banda 100% independente, não tínhamos inicialmente perspectiva de lançar tiragens com capas distintas (português e inglês). 

Logo de cara na faixa “Friends Like Ghosts”, assim como nas demais faixas, tem o que alguns chamam de “som de banda gringa”, o que ao meu ver é um elogio, referente a qualidade do áudio e o peso do som. O estilo de som também parecia“pedir” letras em inglês.

Fico muito feliz em saber que o trabalho causa essa impressão. Certamente isso reflete um pouco o tempo de estrada que cada um tem individualmente. 
A arte da capa do disco nos remete ao bom humor, que também faz parte da “temática” de muitas bandas de rock n’ roll. Esse é o tipo de tema que mais o atraia nas bandas que o influenciaram?

Na verdade a idéia da capa surgiu a partir de uma piada interna da banda. Como tenho sempre algum som, CD ou vídeo novo pra mostrar pros amigos de banda, eles começaram a me chamar de Luiz “Let me show you Something”. Pra rebater a brincadeira, resolvi compôr uma música com este título e acabou dando a idéia para o nome do álbum.
O clima da banda se sobrepôs às nossas influências.
Foi então que recorremos ao Gabriel Bá, um dos maiores quadrinistas do Brasil (ganhador do prêmio Eisner, o Oscar dos quadrinhos) e ele fez um trabalho fantástico.
O Studio Abbey Road dispensa apresentações.

Como foi ter o disco do Plexiheads masterizado em um ambiente tão significativo para a história do Rock?

A masterização tem uma importância enorme pois faz com que as músicas soem bem em quase todos os tipos de reprodutores sonoros.
Achamos que a escolha do Steve Rooke, que masterizou nomes da música como Page & Plant, Beatles, entre outros, trouxe uma vibração vintage e realçou detalhes de maneira surpreendente. Após a mixagem já gostávamos do resultado, mas a masterização realmente elevou a qualidade do álbum a outro nível.

Como tem sido a divulgação do disco?

A PLEXIHEADS ainda não fez shows de lançamento oficialmente mas faremos uma série de shows neste segundo semestre e esperamos que todos que estão lendo esta matéria possam curtir nosso som ao vivo. 

Quais dicas você daria pra galera que tem banda e não sabe por onde começar a arquitetar um projeto como a gravação de um primeiro CD?

Primeiro, acho essencial que se defina o estilo. É muito importante que as músicas tenham unidade. Outra dica é saber exatamente como você gostaria que seu CD soasse. Pegue muitas referências e defina seu som. Saiba que timbres de guitarra te agradam, caixas de bateria, planos de voz, reverbs, etc. Em resumo, tenha muita referência para evitar que soe anos 60, se você quer soar anos 80 por exemplo.
Faça uma pré-produção e finalmente escolha um bom produtor e um bom estúdio. O resto acontece como consequência!

O que é mais gratificante nessa vida de músico, na sua opinião?

Saber que nossas músicas fazem de alguma forma parte da vida das pessoas, marcam momentos, influenciam musicalmente e até mesmo incentivam novos músicos.

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Ficamos muito felizes em dividir as histórias da Plexiheads com vocês. “Let Me Show You Something” é só o início do que esperamos ser um trabalho com muitas músicas novas e muitos shows pelo Brasil e até no exterior ! 

Agradecemos também o apoio das marcas: Gibson Guitar, Orange Amps, Ernie Ball Strings & Things, Pearl Drums e Zildjian.

Confira também

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