Bateria e Fuzz (Por Tom Tone)
Quem já não ouviu falar que os Fuzzes Clássicos funcionam melhor com baterias comuns ? Inclusive nos manuais de alguns modelos o próprio fabricante informa isso.
O que há de verdade ou mito sobre tudo isso ?
Voltando ao tempo, precisamos entender que o circuito de um fuzz foi concebido de forma singular e quase por acidente, até é incrível imaginar o ganho obtido por apenas 2 transístores e uma meia dúzia de peças.
Mas pelo pouco conhecimento o Fuzz clássico não foi concebido com uma compensação para a variação de diferentes ganhos dos transistores, por isso alguns Fuzzes soavam melhores do que outros do mesmo modelo e marca. (Quem já não ouviu a frase – “Se encontrou um Fuzz com som bom não venda ele, pois nunca mais encontrará outro com som igual”).
Economicamente falando, para a indústria não compensava separar pares casados de transistores de germânios para a produção em linha dos Fuzzes, sendo assim simplesmente os pares de transistores eram instalados a mercê da sorte, e o casamento perfeito dos ganhos era uma loteria.
Mas então porque o Fuzz responde melhor com baterias comuns sendo que todas fornecem 9Vcc igualmente ?
Antes de responder, vamos conhecer os tipos mais comuns de baterias para que possamos entender o porquê desse comportamento.
Atualmente no mercado existem diversos tipos de baterias, mas as mais comuns são: Pilhas secas (comuns), Alcalinas e recarregáveis (Niquel Cádmio). Então vamos nos restringir à esses 3 modelos
Pilhas Secas
São os tipos de pilhas mais comuns e antigas do mercado, é apropriada para produzir correntes pequenas em serviços contínuos ou quando se deseja corrente moderada e serviço intermitente, e ao passo que descarregam não podem mais serem recarregadas (portanto não adianta colocar na geladeira para ela voltar a ter carga).
Esses tipos de pilhas descarregam de forma linear e contínuo até o final de sua carga.
Alcalinas
Chegando a durar mais de 5 vezes mais que as pilhas comuns é indicada para aparelhos que requerem descargas rápidas e fortes e caracterizam-se por terem maior capacidade de fornecimento de energia que as pilhas secas e as recarregáveis.
Como as pilhas secas, as alcalinas não podem ser recarregadas, ou seja, as reações que liberam energia elétrica são irreversíveis.
Fornece corrente de forma contínua e estável até o final de sua vida, quando há uma queda aguda no seu fornecimento e chegando à seu esgotamento.
Niquel Cádmio Recarregável – (NiCad)
É a bateria recarregável de mais tempo de uso no mercado, portanto sua tecnologia já é bem desenvolvida.
Sua densidade não é muito boa, é indicada quando se quer uma vida longa, e alta corrente de descarga, tem capacidade de fornecimento de energia menor que as alcalinas porém também conseguem manter o nível de carga próximo ao das alcalinas.
O comportamento de descarga de sua corrente é parecida com as alcalinas.
A grande vantagem é sua durabilidade e capacidade de recarregar, podendo ser reutilizadas várias vezes, mas o sua tensão de fornecimento é um pouco menor que as alcalinas.
Então, portanto agora respondendo a pergunta…
Sim é verdade o Fuzz responde melhor com a bateria comum, mas o segredo desse melhor desempenho com baterias comuns está na forma em que ela descarrega que é diferente dos outros tipos de baterias (Alcalinas, Níquel Cádmio).
Como podemos ver no gráfico, as baterias comuns elas tem uma forma de descarga uniforme e contínua, ao contrário das Alcalinas e Níquel Cádmio que a primeiro instante sofrem uma descarga maior, porém se estabilizam e assim se matem até o final de sua carga onde ocorre uma queda acentuada.
O que define um bom som de Fuzz são principalmente o casamento correto entre os dois transistores e a voltagem correta do BIAS dos transistores, que nos modelos mais antigos são construídos com valores de resistências fixas, ou seja não se pode alterá-las conforme a variação de voltagem na alimentação do pedal, com isso, caso o BIAS necessário para se produzir um bom som de Fuzz esteja acima ou abaixo dos valores fornecidos pelas duas baterias (Alcalina e Níquel Cádmio) ele nunca terá um bom desempenho e um bom som de fuzz.
Já nas baterias comuns, como a descarga ocorre de forma quase uniforme e contínuo, em algum momento de sua vida útil ela chegará a fornecer a voltagem correta de BIAS para que aquele Fuzz tenha um desempenho correto e consequentemente um bom som de fuzz.
Atualmente existe no mercado algumas baterias específicas para serem utilizadas com Fuzzes, que são confecionadas como as antigas baterias, prometendo o desempenho adequado ao uso em Fuzzes.
Atualmente existem modelos de Fuzzes com possuem esse controle de BIAS de forma variável, instalados com Trimpots de ajustes ou até mesmo com potenciômetros externos (maquiados com nomes como: Focus, Bright, Dial e etc), isso vem de encontro com o cenário atual dos setups que são alimentados por fontes de alimentação que fornecem energia para toda a cadeia de pedais e que mantem uma constante voltagem de 9vcc.
Portanto se voce achava que era loucura ou frescura muitos guitarristas utillizarem baterias comuns nos fuzzes, descobriu que existe um fundo de verdade nisso tudo.
#ficaadica
Bends Up
Tom
http://tomtoneefx.blogspot.com.br