FONTES DE ALIMENTAÇÃO O PULMÃO DOS PEDAIS – PARTE 3
FONTES DE ALIMENTAÇÃO O PULMÃO DOS PEDAIS – PARTE III
O PULMÃO DOS PEDAIS – PARTE III
BLINDAGEM, RUÍDOS E OUTROS FANTASMAS
Um dos grandes problemas encontrados pelos músicos em busca do som perfeito, são as freqüentes interferências que surgem entre o instrumento e o som final nos amplificadores. Esses indesejáveis ruídos, iniciam-se desde da captação em seu instrumento, passando pelo seu setup e culminando em seu amplificador.
Podemos citar algumas fontes de ruídos
- EMI – Interferência magnéticas
- RFI – Interferências de Radio freqüência (zumbidos, cliques, programas de rádio e hash no áudio)
- Caminhos de Fuga nos terminais de entrada e saída do sinal
- 50Hz/60Hz (rede elétrica)
Um dos grandes vilões desse drama real é o ATERRAMENTO, que em muitas vezes nos traz “Humming” até acompanhado de harmônicos.
Uma guitarra, com problemas no sistema de aterramento pode já gerar uma grande gama de ruídos, lembrando para os amantes dos captadores single coils que o humming natural de seu funcionamento já é um tipo de ruído.
Podemos notar facilmente isso quando não estamos em contato com as partes metálicas da guitarra, quando podemos ouvir um ruído constante que é cortado ao encostarmos nela. Com esse exemplo podemos perceber a importância do aterramento no som final.
Nos deparamos constantemente quando vamos tocar em algum local com uma grandes diversidade de tipos e qualidades de instalações elétricas. Geralmente o que encontramos é tomadas sem aterramento adequado quando não, com tomadas simples sem ligação do terra.
Ouvi muitas pessoas desprezarem o pino do terra (que confesso em muitas vezes nos atrapalha) menosprezando o seu real valor e utilidade. Acontece que as cargas elétricas podem ser negativas ou positivas e sempre procuram um caminho para encontrar cargas opostas. A circulação dessas cargas elétricas, através de uma conexão à terra, evita que a corrente elétrica circule pelas pessoas, evitando que elas sofram choques elétricos. A existência de um adequado sistema de aterramento também pode minimizar os danos em equipamentos, em casos de curto-circuitos. Por isso todo projeto bem elaborado e montado deve ser dotado de um bom sistema de aterramento, o que minimiza os efeitos destrutivos de descargas elétricas e eletrostáticas em nossos equipamentos elétricos.
Outro erro grave é a ligação equivocada do pino FASE e NEUTRO, esse erro em equipamentos mais sensíveis pode provocar grandes danos, pois se estiverem ligados em tomadas diferentes vai criar uma troca de cargas entre os 2 pinos.
A tensão do TERRA se estiver ligeiramente diferente entre 2 equipamentos permite que o “Humming” do 50Hz/60Hz flua pelo seu equipamento gerando o Loop de Terra, é como se tivéssemos uma antena poderosa captando o “Humming”dos campos magnéticos dos cabos de força, por isso o TERRA tem que ser unificado e com o máximo de aterramento possível, evitando assim diferentes valores de TERRA.
O TERRA perfeito tem que apresentar um potencial de zero volt absoluto, e recebe esse nome justamente porque obtemos um terra ideal instalando uma barra de ferro no solo. A Terra é uma fonte inesgotável de elétrons e por isso se algum equipamento sujar essa conexão ela será sempre anulada mantendo sempre o potencial elétrico zero.
Muitos adaptadores simplesmente isolam o terminal de terra (Figura 1), o que na realidade acaba por ser tornar a mesma coisa que retirar o pino do TERRA, o podem acreditar que já muita gente fazer isso !
O correto seria utilizar um adaptador onde se permite conectar-se um fio (Figura 2) e se aterrar à algum local seguro, pode não ser um TERRA ideal, mas com certeza proporcionará uma segurança ao músico.
Esse procedimento poderá já surtir efeitos positivos em relação aos ruídos.
Certamente muitos já se depararam ou já presenciaram alguém tomando choque ao tocar no microfone enquanto está segurando a guitarra, isso ocorre por diferença de aterramento possivelmente entre o amplificador da guitarra e a mesa de som, tal fato é resolvido igualando o terra entre os dois, por exemplo ligando o return do amplificador à uma entrada da mesa, assim os terras se unificariam eliminando a diferença de terras e conseqüentemente o choque.
Você deve estar se perguntando qual é a diferença entre neutro e terra já que os dois teoricamente deveriam ter valores potenciais zero.
O que acontece é que o neutro apesar de ser fornecido com potencial zero à nossa tomada, ao passar por outros equipamentos eletrônicos ligados à ele, pode sofrer vazamento de tensões, “sujando” assim o neutro com alguma fuga de tensão.
Por exemplo, digamos que o neutro por algum vazamento passe a ter 2 volts e não zero, e se medirmos os dois pinos de uma tomada 110 Volts ela passará a ter uma leitura de tensão 108 volts, pois é medido a diferença entre 2 pólos de referência. Os equipamentos elétricos não sofrem com essas pequenas diferenças, mas assim como ocorre vazamento de tensão, o neutro também está suscetível à vazamentos de interferências eletro-eletrônicas que em muitos casos são captados pelos pedais e amplificadores, o que representa uma fonte de ruídos.
Um erro muito comum é a conexão do fio terra ao neutro que tem função diferente. Este procedimento, em vez de proteger, pode agravar os riscos pois muitas vezes acabam transferido tensões vazadas do neutro à ligação do terra e conseqüentemente à toda suas ligações de terra do setup.
Outro ponto de sua cadeia de sinal onde o TERRA pode influenciar nos “Hummings” é os cabos, pois estão sujeitos aos efeitos dos campos magnéticos e eletrostáticos, inclusive irradiados pelas fiações de energia existentes nas próprias paredes, um cabo com boa blindagem deixa seu sinal mais protegido, mas em relação aos cabos vamos tratar como um capítulo à parte.
Espero que com esses 3 artigos eu possa ter esclarecido um pouco sobre um dos maiores problemas enfrentados pelos músicos, nunca é demais eu deixar claro que não estou aqui para esgotar tudo sobre esse tema, e sim ajudar a entender um pouco do que se passa com seu som durante a jornada pelo seu setup de maneira simples e de fácil entendimento.
Um grande abraço à todos