Ricardo Xavier


56211_514861268525672_535061022_o-460x261Aos meus 11 anos começei a estudar música, um pouco tarde para muitos, mas fiquei apaixonado  no  momento  em  que  ouvi  meus  primeiros  discos (antigos  Lps)  dos  artistas  e bandas  que ficavam na  prateleira  em  cima da minha  cama. Boa  parte desses  discos  eram de música erudita e jazz (do meu pai), mas alguns outros eram de mpb, dos Beatles e até uns muito antigos de música brasileira ainda dos anos 50…eram da minha vó. Bom, eu escutava de tudo na época, até as horríveis coletâneas de músicas românticas que as gravadoras lançavam.

Comecei  a  estudar  o  violão  popular, mas  depois  de  um tempo  percebi  que  o  que  eu desejava mesmo era soar como os caras do ACDC, então fiquei um tempo tentando imitar os caras por mim mesmo. Ganhei minha primeira guitarra aos 12, uma guitarra Jennifer..rs, credo, mas era o que eu tinha pra tirar os sons do Metallica. Nessa época eu descobri muitas coisas por mim  mesmo,  não  havia  um  guitarrista  que  desse  aulas  de  rock ou  como  tirar  os solos  do Hendrix em Taubaté. Tive que confiar na minha audição e intuição pra imitar os sons que ouvia.

Meu  primeiro  pedal  de  distorção foi  o  amplificador  Gradiente  do  antigo  aparelho  de som que ao colocar o volume no máximo (imagine?) saturava o falante das caixas e me dava aquele som que, na época, eu achava o máximo e parecido com o do Hendrix. Quando fiz 18 anos  já  integrava  uma  banda  que  ficou  conhecida  aqui  na  região  chamada  Cruciform. Integramos uma coletânea da então Revista Rock Brigade, mas acabamos nos separando. Nesse tempo eu já flertava havia uns dois anos com a música clássica e a composição musical em geral, principalmente para orquestra, o que eu sempre adorei.

Comecei a escrever para orquestra como louco pra tentar entender o processo e tudo que envolvia a composição para um grupo tão grande de instrumentos. Estudava Stravinsky e Bach como um louco, horas e horas procurando afinidades e relações, então mergulhei no estudo de harmonia e contraponto. Nessa época comecei a estudar violão clássico no conservatório local e foi muito importante porque então sedimentei minha técnica instrumental e pude ter contato com a  composição musical. Lia muito, questionava muito os  professores. Meu  querido  professor Jimmi Ferreira me iniciou nos estudos do violão erudito. Meu amigo e professor Mário C. Dias também. Graças à facilidade técnica que desde o principio  pude fazer  uso,  no  prazo  de  um  ano  estava  tocando  Villa Lobos, Barrios, Bach  e muita música  contemporânea  pra  violão.  Fazia  isso  até  de  ouvido,  por  que  naquela  época  a minha leitura era ruim, hoje é regular. Participei de cursos e workshops, vários com o apoio de professores  de renome  como  o saudoso Henrique Pinto. Depois  parei  de tocar  violão  como concertista, quero dizer, nunca fui o concertista, mas estudava pra isso. Parei porque minha vida sempre foi a composição, principalmente para orquestra e isso exigiria de mim muito esforço e tempo.

Em meados de 1994 no Festival de Inverno de Campos do Jordão, como bolsista, travei meu  primeiro  contato  com  a música moderna  de fato,  e  a música  eletroacústica.  Fui,  daí  em diante,  orientado  por  grandes  nomes  talvez  desconhecidos  do  grande  público,  mas  essas pessoas trouxeram-me a maturidade que buscava a anos. Livio Tragtenberg e posteriormente, Flo Menezes, foram  as  figuras-chave  como  professores  e  compositores  que são.  Fui  aluno special  na  Fasm  a  pedido  de  Flo  Menezes  para  compor  minha  primeira  composição electroacústica. Em 1998 fui à Alemanha para participar do primeiro curso que o compositor alemão K. Stockhausen daria, de uma série que se repetiu anualmente até sua morte em 2007. Quando voltei da europa com a bagagem que tanto procurei durante anos, percebi que aqui a coisa é realmente esquisita, pra não dizer outra coisa. Acabei montando um estúdio de gravação no qual trabalhei por quase 10 anos. O estúdio de música eletroacústica da Fasm de-ume  a segurança  e  conhecimento  que iria  utilizar  no meu  estúdio, mas  nesse  caso  pra  gravar música popular, sertanejo, samba, jazz, rock, etc…bem longe dos meus sonhos, mas assim foi.

Acabei ficando nove anos sem tocar de verdade. Abandonei a execução musical quase que por inteiro e a composição tornou-se um hobby. Ainda com o estúdio eu voltei a tocar guitarra e comecei a compor para o instrumento. Desde  então voltei à ativa e tenho me empenhado em diversos  projectos  e  produções.  Atualmente  finalizo  dois  álbuns  de  música  instrumental  que espero  lançar  em  2012 e  trabalho  como  técnico  de  P.A.  da  banda  de  rock  cristão CEREMONYA.