Aos meus 11 anos começei a estudar música, um pouco tarde para muitos, mas fiquei apaixonado no momento em que ouvi meus primeiros discos (antigos Lps) dos artistas e bandas que ficavam na prateleira em cima da minha cama. Boa parte desses discos eram de música erudita e jazz (do meu pai), mas alguns outros eram de mpb, dos Beatles e até uns muito antigos de música brasileira ainda dos anos 50…eram da minha vó. Bom, eu escutava de tudo na época, até as horríveis coletâneas de músicas românticas que as gravadoras lançavam.
Comecei a estudar o violão popular, mas depois de um tempo percebi que o que eu desejava mesmo era soar como os caras do ACDC, então fiquei um tempo tentando imitar os caras por mim mesmo. Ganhei minha primeira guitarra aos 12, uma guitarra Jennifer..rs, credo, mas era o que eu tinha pra tirar os sons do Metallica. Nessa época eu descobri muitas coisas por mim mesmo, não havia um guitarrista que desse aulas de rock ou como tirar os solos do Hendrix em Taubaté. Tive que confiar na minha audição e intuição pra imitar os sons que ouvia.
Meu primeiro pedal de distorção foi o amplificador Gradiente do antigo aparelho de som que ao colocar o volume no máximo (imagine?) saturava o falante das caixas e me dava aquele som que, na época, eu achava o máximo e parecido com o do Hendrix. Quando fiz 18 anos já integrava uma banda que ficou conhecida aqui na região chamada Cruciform. Integramos uma coletânea da então Revista Rock Brigade, mas acabamos nos separando. Nesse tempo eu já flertava havia uns dois anos com a música clássica e a composição musical em geral, principalmente para orquestra, o que eu sempre adorei.
Comecei a escrever para orquestra como louco pra tentar entender o processo e tudo que envolvia a composição para um grupo tão grande de instrumentos. Estudava Stravinsky e Bach como um louco, horas e horas procurando afinidades e relações, então mergulhei no estudo de harmonia e contraponto. Nessa época comecei a estudar violão clássico no conservatório local e foi muito importante porque então sedimentei minha técnica instrumental e pude ter contato com a composição musical. Lia muito, questionava muito os professores. Meu querido professor Jimmi Ferreira me iniciou nos estudos do violão erudito. Meu amigo e professor Mário C. Dias também. Graças à facilidade técnica que desde o principio pude fazer uso, no prazo de um ano estava tocando Villa Lobos, Barrios, Bach e muita música contemporânea pra violão. Fazia isso até de ouvido, por que naquela época a minha leitura era ruim, hoje é regular. Participei de cursos e workshops, vários com o apoio de professores de renome como o saudoso Henrique Pinto. Depois parei de tocar violão como concertista, quero dizer, nunca fui o concertista, mas estudava pra isso. Parei porque minha vida sempre foi a composição, principalmente para orquestra e isso exigiria de mim muito esforço e tempo.
Em meados de 1994 no Festival de Inverno de Campos do Jordão, como bolsista, travei meu primeiro contato com a música moderna de fato, e a música eletroacústica. Fui, daí em diante, orientado por grandes nomes talvez desconhecidos do grande público, mas essas pessoas trouxeram-me a maturidade que buscava a anos. Livio Tragtenberg e posteriormente, Flo Menezes, foram as figuras-chave como professores e compositores que são. Fui aluno special na Fasm a pedido de Flo Menezes para compor minha primeira composição electroacústica. Em 1998 fui à Alemanha para participar do primeiro curso que o compositor alemão K. Stockhausen daria, de uma série que se repetiu anualmente até sua morte em 2007. Quando voltei da europa com a bagagem que tanto procurei durante anos, percebi que aqui a coisa é realmente esquisita, pra não dizer outra coisa. Acabei montando um estúdio de gravação no qual trabalhei por quase 10 anos. O estúdio de música eletroacústica da Fasm de-ume a segurança e conhecimento que iria utilizar no meu estúdio, mas nesse caso pra gravar música popular, sertanejo, samba, jazz, rock, etc…bem longe dos meus sonhos, mas assim foi.
Acabei ficando nove anos sem tocar de verdade. Abandonei a execução musical quase que por inteiro e a composição tornou-se um hobby. Ainda com o estúdio eu voltei a tocar guitarra e comecei a compor para o instrumento. Desde então voltei à ativa e tenho me empenhado em diversos projectos e produções. Atualmente finalizo dois álbuns de música instrumental que espero lançar em 2012 e trabalho como técnico de P.A. da banda de rock cristão CEREMONYA.